5 de out. de 2017
Àquelas pessoas que contestam o tempo!
São assim, assustam à todos, sempre, por que contestam o tempo. Contestam a rigidez, a dureza, a rapidez. Quem são essas pessoas para isso? São aquelas, independente do sexo, do gênero, que conhecem o outro profundamente. Que tem olhos para os filhos, para as crianças, para as diferenças, para o outro. Essas pessoas existem. O outro, sua riqueza, sua estranheza, existe. Não podemos negar! Não neguemos em nossas profundezas, pois atrasamos o crescimento mais bonito que pode existir, o que há de melhor em nosso planeta, em cada um de nós: o respeito. Não sei se coisa boa ou ruim, mas ouvi a vida toda os segredos mais íntimos de muita gente. E, tudo que vivi, tudo que estudei até hoje só me trouxe incertezas. Isso é duro, e isso é lindo. Por que, naqueles sinais mais claros de pureza, eu sempre soube, que ela não existia, ela não estava lá. E sofri. Colhamos lírios, colhamos as diferenças, pois elas existem, e elas devem ser celebradas. E, contestar a rapidez dos tempos, a aceleração dos processos, é trazer humanidade para nosso cotidiano e, nós, com ou sem pureza, provavelmente sem, somos humanos e, podemos ser mais pacienciosos. Sejamos!
7 de mai. de 2017
Caminhada
Eu sigo
desço para caminhar
E é um sol, um sol goiano
E passo, por vezes na curva em que eu o via
Alto, elegante, imponente
Eu o via lá
Lindo, cobrindo de sombras aquelas voltas
Cobrindo o chão de amarelo, enchendo meus olhos,
era de encher o olhar
De longe, eu sigo
Ele tao longe de mim
Nunca ficaremos perto, eu sei
De perto, eu imagino, eu sinto
a vida corre, vomita, e tudo se desfaz
a juventude passa, bonita, e tudo não vivido, não segue
o romance da moça se perde, jaz.
desço para caminhar
E é um sol, um sol goiano
E passo, por vezes na curva em que eu o via
Alto, elegante, imponente
Eu o via lá
Lindo, cobrindo de sombras aquelas voltas
Cobrindo o chão de amarelo, enchendo meus olhos,
era de encher o olhar
De longe, eu sigo
Ele tao longe de mim
Nunca ficaremos perto, eu sei
De perto, eu imagino, eu sinto
a vida corre, vomita, e tudo se desfaz
a juventude passa, bonita, e tudo não vivido, não segue
o romance da moça se perde, jaz.
28 de dez. de 2015
Vento no Guapuruvu
Sigo os passos cinzentos
E, onde está você?
Embaixo de mim, as flores amarelas
Uma sombra que era só sua
Grande e forte, como sempre gostei
As flores amarelas se foram
As perdas se ligam
A cada nova perda, as outras ressurgem
Foram algumas, não muitas
E eu ouvi
Chovia muito
Deitada em minha rede
Em casa,
sem energia
Com meu menino junto à mim
Ouvi
Alto
Soube depois que era ele
Tão alto, o som. Tão alto, seu porte.
Contentarei-me em caminhar com outras
flores.
Com outras cores, com outro norte.
14 de nov. de 2015
Aquíferos
Flutuando sobre um rio
Só os olhos e a mente
existem
O corpo se foi
E realmente perdeu sua
importância
Que importância teria?
O rio é mais
O rio é mar
Toda cor em seu vale
Toda cor em seu fundo
O vale é esculpido por
ele
Que nasce, que brota,
empurra rocha, empurra solo, empurra a areia e a joga para cima
e todos buscam aqueles
rios
por sua vida
por sua beleza
pela experiência de
flutuar
de ver sua força e
delicadeza saindo do fundo da terra
Enquanto flutuei,
privilegiada
Não vivi mais nada
Não vi outros rios
Não vi barragem
Não vi rejeito
Rio doce ou rio negro
Não vi meninas e
famílias
Marianas, pequeninas
Escolas, carros,
passagens
E todas as tristezas que
foram levadas
um rio é uma coisa
vivente
as vidas são as únicas
coisas que tem os viventes
e é triste que sejam
subtraídas
dói
que os corpos partam
e não partiram para
flutuar
que os corpos doam
e não doeram de tanto
nadar
que os corpos flutuem
não por terem vivido
tanta beleza e amor.
Que nossas mentes saibam
aprender ...
21 de jun. de 2015
Sobre as horas que tem passado
Há o que faz levantar
há o que permite deitar em paz
Gosto dos olhos
Olhos atentos, brilhando
Sorriso contido, depois livre
Aproveito para viver, para receber
Porque há o que viver
é possível sentir
Aproveitar as doçuras que deixam para
mim nos cantinhos que chego, que me deixo sentar e ficar
Há as meninices
As boas
As cansativas
O parque
A areia
O balanço
As músicas
Também fazem levantar e deitar com muita
vontade de viver
Há o que anda ruim …
Ombros pesados, curvados, chegam,
entram e saem.
Mas, quanto fiz para que os ombros não
reagissem assim.
Penso que fiz, acho que fiz, acho que
fiz ...
E fujo um pouco ...
Não sei se devo ...
Saio, caminho, respiro, não sei por
quanto tempo.
Corro para sumir mesmo, abro até os
braços, e como é bom.
Com música alta, sentindo minha vida e
meu corpo vivendo.
Tudo que penso, é tudo meu, sobre o
que quero, espero e vivo.
O que fazer?
Com pesos diversos que me fazem oscilar
por todo o dia
que me trazem todos os tipos de pensamento
Tento seguir, decidir
Nos entremeios, oscilo entre pulmão
livre e ombros pesados.
8 de fev. de 2015
O encontro
Disseram que um dia chegaria o momento
dos corpos se encontrarem.
Houve quem desse por certo.
As ideias estavam de certa maneira
ligadas. Mas, os corpos tão distantes.
Tateando seguiram e trocaram palavras,
frases, até que … segredos.
E chegaram a conclusão de que os
segredos, as palavras, as frases, deveriam ser só deles.
Sem presença, tudo segue e seguiu.
…
...
Mas, quando os corpos se buscavam,
renasciam as palavras.
E um peito se enchia e pensava no
encontro.
Um abraço. As mãos que se seguiriam
pelas costas, para a nuca.
Um cheiro para sentir.
Braços grandes abertos que também
seguiriam para as costas. Subiriam pelos ombros e a apertariam com um
pouco só de força. Uma respiração profunda.
Ainda desconhecidos.
Sentir-se bonita. Sentir sua beleza. E
nada mais.
Seria possível?
Buscou na literatura, nos filmes, na
poesia … em todo lugar havia estas buscas e vivências.
A ansiedade e as agonias vividas pelos
encontros pareceram triviais. Naturais.
E permaneceram trocando palavras.
À espera do dia imaginário.
Corpos distantes, corpos ausentes.
Seguiram como fragmentos do que queriam
viver. Do que poderiam ser. De que poderiam se encontrar.
27 de out. de 2014
À toa da vida
A noite é boa
Era pra ser
Eu faria um bolo pra você
Sou antiquada
Cozinho, lavo, costuro
De nada adianta
O mundo é outro
Tudo mais importa
Sua rebeldia é muito maior do que a
minha
Não há muita em mim
Só para comidas, doces e exercícios
Para o resto não tenho rebeldia, não
tenho tanta força
Já achei que tinha, um dia pensei que
teria.
Hoje tenho apenas energia para doçuras
Meu sentimento é uma delas
Para vivê-lo teria energia
Mas, tudo o mais importa hoje, menos
meus sentimentos.
Música, viagens, paisagens, trabalho,
vadiagem, cansaço, excessos
Você quer o mundo inteiro, você não
está preso a lugar ou pessoa.
E eu queria apenas deitar em um chão
gelado, de uma sala fresca, e conversar
Conversar por muito tempo
Passar um café
Comer um bolo
Rir à toa
E viver todo meu sentimento.
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