8 de abr. de 2010

Poesia: Poeta Manoel

Bandeira brasileiro
Esperou a morte por toda vida
E ela, como quem não liga,
Chegou tarde.
Chegou para os outros
Como quem dele se olvida.
Esperou por ela, ao lado dela passou a viver.
Sofreu antes, por antecipação
Olhavam pra ele, temiam-no morrer
Seu corpo magro, sua má respiração
Um peso doído,
Um rosto franzino
Mas, uma cabeça fritando
Um peito anseando
Um homem clamando por vida, paixão ...
Fumando esperava
Escrevia, sonhava
Seus entes se iam
E a doença lá
Como um sofá velho
Que o esperava sentar
Assim que se cansasse
Que a força acabasse
Ele haveria de se recostar
Sonhos, paixões
Tudo pela metade
Vivendo como se alguém o vigiasse
Um velho encostado à porta
Sempre lembrando-o
Que se ele vacilasse
A vida o deixaria,
Seus pulmões enfim secariam.
Por isso não soube o que é plenitude
Seus medos, fragilidades lhe ataram.
Faltava a cura,
Faltou-lhe saúde ...

Cintia Godoi