15 de set. de 2012

Tralhas



Ele tem um cemitério de spots e espelhos
E o mantém em um armário de corredor
Seu filho me dá as mãos todos os dias
E o calor dos tempos secos de agosto e setembro
Nos fazem rever as tralhas guardadas com amor

Suas mãos tao pequenas tocam e esticam minha pele
E sempre que isso acontece eu também lhe dou a mão
Esperando por uma hora em que a chuva se revele
E que seu rosto possa chegar perto de meu peito

As tralhas revistas e arrumadas
O tempo seco vai se indo
Uma cria vem chegando
E ele segue organizando caixas, ferramentas e pilhas

Logo logo estaremos juntos
Em meio à coisas, fios, panos, roupas e aparelhos
Deitados ouvindo o som da música, da TV, dos velhos e inúteis spots e os espelhos


Cintia Godoi