Ele tem um cemitério de spots e espelhos
E o mantém em um
armário de corredor
Seu filho me dá as
mãos todos os dias
E o calor dos tempos
secos de agosto e setembro
Nos fazem rever as
tralhas guardadas com amor
Suas mãos tao pequenas
tocam e esticam minha pele
E sempre que isso
acontece eu também lhe dou a mão
Esperando por uma hora
em que a chuva se revele
E que seu rosto possa
chegar perto de meu peito
As tralhas revistas e
arrumadas
O tempo seco vai se
indo
Uma cria vem chegando
E ele segue organizando
caixas, ferramentas e pilhas
Logo logo estaremos
juntos
Em meio à coisas,
fios, panos, roupas e aparelhos
Deitados ouvindo o som
da música, da TV, dos velhos e inúteis spots e os espelhos
Cintia Godoi