Sonhei com
meu pai. Ele estava como há muito não me lembrava dele ter sido.
Bem forte, moreno, mas ao mesmo tempo vermelho de sol. Como em
viagens que fizemos de férias. De shorts, acho que azul, daqueles
com listras do lado. Acordei feliz de poder tê-lo revisto. O dia foi
passando. Não me lembrei mais do sonho. Ouvi dizer que era
aniversário de um tio. Me lembrei dele. Me lembrei que ele gosta
muito que a gente lembre do aniversário dele. Mais horas se
passaram. Trabalhei, fui, voltei, cuidei do meu filho. Tentei enviar
bons sentimentos para meu pai e para meu tio. Mas, não falei com
nenhum deles. A noite chegou e eu cuidando do meu bebê. O marido
fora, ia demorar para chegar. O trabalho dele pesando também em seu
dia a dia. Tantos homens em minha vida! Quando fui jantar, sem muita
energia para fazer a coisa direito esquentei um queijo, um pão de
queijo, e coloquei um suco para beber. O suco … tão doce … me
trouxe todo o sentimento do dia, toda a saudade de todos. Meu pai,
meu tio, meu marido. Meu filho comigo, ainda bem! O suco era de
tangerina. E eu senti a tarde ensolarada de Uberlândia, revivi a
experiência de ver o chão amarelado da cozinha, a geladeira se
abrindo. Peguei uma garrafa de vidro, sem rótulo, da Pomar, com uma
tampa alaranjada. Meu pai trazia esses sucos, acho que vinham de
Araguari, de suas andanças. Eram sucos concentrados, e a gente
colocava água e gelo e se deliciava. O mesmo suco que ele trazia, o
mesmo sabor daquelas tardes. Meu pai na varanda. Meu tio na árvore,
lendo um livro de bolso. A saudade apertou forte. E eu só pude
escrever … Felicidades ao meu Pai, ao meu Tio, e a todos os homens
que sabem viver os sabores da vida. Sigamos.
7 de ago. de 2013
19 de jan. de 2013
Amores
Estive parada um tempo.
Estive por aí.
Perdida sem mim.
Não que não quisesse escrever, pintar, desenhar.
Eu não conseguia.
Mas, a cabeça fez tudo que o corpo não pôde.
Eu pintei, cantei, compus.
Tudo do mesmo jeito.
Mas, sem poder mostrar pra ninguém.
Nada se materializou.
Nada por ser revisto, refeito, reconhecido.
E quando enfim pude recomeçar ...
as palavras e vontades voavam, corriam apressadas.
Os pensamentos saltavam.
Precoces!
A letra feia correndo.
O sorriso aberto.
Os olhos atentos.
Feliz percebi: voltei para mim !
Posso viver para outros, mas também preciso de mim!
Estive por aí.
Perdida sem mim.
Não que não quisesse escrever, pintar, desenhar.
Eu não conseguia.
Mas, a cabeça fez tudo que o corpo não pôde.
Eu pintei, cantei, compus.
Tudo do mesmo jeito.
Mas, sem poder mostrar pra ninguém.
Nada se materializou.
Nada por ser revisto, refeito, reconhecido.
E quando enfim pude recomeçar ...
as palavras e vontades voavam, corriam apressadas.
Os pensamentos saltavam.
Precoces!
A letra feia correndo.
O sorriso aberto.
Os olhos atentos.
Feliz percebi: voltei para mim !
Posso viver para outros, mas também preciso de mim!
Cintia Godoi
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