14 de nov. de 2015

Aquíferos

Flutuando sobre um rio
Só os olhos e a mente existem
O corpo se foi
E realmente perdeu sua importância
Que importância teria?
O rio é mais
O rio é mar
Toda cor em seu vale
Toda cor em seu fundo
O vale é esculpido por ele
Que nasce, que brota, empurra rocha, empurra solo, empurra a areia e a joga para cima
e todos buscam aqueles rios
por sua vida
por sua beleza
pela experiência de flutuar
de ver sua força e delicadeza saindo do fundo da terra
Enquanto flutuei, privilegiada
Não vivi mais nada
Não vi outros rios
Não vi barragem
Não vi rejeito
Rio doce ou rio negro
Não vi meninas e famílias
Marianas, pequeninas
Escolas, carros, passagens
E todas as tristezas que foram levadas
um rio é uma coisa vivente
as vidas são as únicas coisas que tem os viventes
e é triste que sejam subtraídas
dói
que os corpos partam
e não partiram para flutuar
que os corpos doam
e não doeram de tanto nadar
que os corpos flutuem
não por terem vivido tanta beleza e amor.
Que nossas mentes saibam aprender ...

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